A implantação de uma Plataforma Logística está cada vez mais próxima de se tornar realidade em Santa Cruz do Sul. Ontem, a Prefeitura, acompanhada da Associação Santa Cruz Novos Rumos (Ascnor) e da Associação das Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp), apresentou à Câmara de Vereadores um projeto de lei que autoriza a permuta de uma área, que futuramente deve sediar as instalações. Localizada às margens da BR-471, cerca de 100 metros antes do antigo pedágio de Rio Pardo, o terreno de 25 hectares seria trocado por um imóvel situado na Rua 28 de Outubro, no Bairro Universitário.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia, César Cechinato, o imóvel pertence a um empresário santa-cruzense e conta com uma área de 62,6 hectares. “Pretendemos desmembrar 25 hectares, que estão avaliados em R$ 2 milhões pela Prefeitura, e trocar pelo terreno onde atualmente há um campo de futebol, ao lado da Brigada Militar, e vale R$ 1.490.000,00”, revela.

O estudo, contratado pela Novos Rumos e Assemp, e realizado pela empresa de consultoria M. Stortti Business Consulting Group, contemplou a avaliação de três possíveis áreas para a aplicação do projeto. A primeira vai das proximidades do trevo do Gaúcho Diesel até a ponte do Rio Pardinho, que faz divisa com o município de Vera Cruz; a segunda, da localidade de Linha Pinheiral até a divisa com Venâncio Aires; enquanto a outra, nas imediações do Distrito Industrial.

Os técnicos levaram em conta a localização, os acessos, a topografia, a intermodalidade, dimensionamento dos terrenos e aspectos ambientais, e a região melhor avaliada em todos os itens foi a última. A partir de então, uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico realizou um levantamento dos lotes disponíveis e constatou a existência do terreno pretendido.

“Ele está localizado a cerca de 11,5 quilômetros do começo do Distrito Industrial, nem dentro da cidade, mas também não tão distante, fica mais próximo ao Porto de Rio Grande (342 quilômetros), existe uma proximidade ainda com o possível traçado da Ferrovia Norte Sul, que deve passar por Rio Pardo, além de ter boa parte da área terraplenada”, conta Cechinato. Conforme o secretário, todos os proprietários de imóveis daquela localidade foram consultados.

Peritos fizeram as avaliações

De acordo com o secretário César Cechinato, além da análise de um perito avaliador da Prefeitura, outro perito independente foi contratado para estimar o valor das áreas que devem ser trocadas. A que fica às margens da BR-471 foi avaliada pelo profissional por cerca de R$ 1.880.000,00, enquanto a que está situada na 28 de outubro, R$ 1.398.000,00. O terreno que é de propriedade da Prefeitura foi para leilão em duas oportunidades, mas não houve interessado. O imóvel de interesse do Executivo, conforme Cechinato, atende às necessidades de implantação e deve ficar disponível para atração de investidores da plataforma.

Diretor da M. Stortti, Maurênio Stortti considera um passo importante o encaminhamento do projeto de permuta por parte do Executivo. “Está sendo feito um bom trabalho, pois mostra o interesse da Prefeitura em viabilizar a implantação da plataforma logística e fomentar o desenvolvimento no setor”, comenta. “É um grande avanço já que a área está localizada dentro da região melhor avaliada”.

De acordo com Stortti, com a aprovação da troca de área, o estudo apresentado no ano passado seria transformado em projeto, com as devidas adaptações conforme o tamanho de terreno disponibilizado e, a partir de então, começaria a captação de investidores.

Estrutura

Em setembro do ano passado, a M. Stortti Business Consulting Group apresentou um estudo para a criação de uma plataforma logística no município e, consequentemente, atrair mais investimentos para Santa Cruz do Sul. Segundo Cechinato, o esboço da estrutura seria para uma área de cerca de 60 hectares. No modelo divulgado, a plataforma logística contaria com estacionamento e manobra, Porto Seco da Receita Federal, oficina mecânica, posto de abastecimento, conveniência e serviços, centro de comércio e serviços, centro empresarial e tecnológico, restaurante e infraestrutura completa. Conforme Maurênio Stortti, o modelo da plataforma seria de origem espanhola, porém, com as adaptações exigidas no Brasil e com as mudanças necessárias de acordo com as condições da região e do mercado local.

Confira o vídeo.

Entidades comemoram definição do local

A definição da área dá início efetivo à implantação da Plataforma Logística Integrada em Santa Cruz do Sul, comemora André Luís Jungblut, presidente da Associação Santa Cruz Novos Rumos (Ascnor). Uma das principais bandeiras defendidas pela entidade para fomentar o desenvolvimento da região, a plataforma deverá alavancar diversos setores da economia regional sob a ótica da logística. “Não temos dúvidas de que este projeto, que agora passa a se concretizar, vai consolidar Santa Cruz do Sul no mapa logístico do Sul do Brasil, além de abrir caminho para a instalação de um Porto Seco no município”, disse Jungblut.

O projeto também foi bem recebido pelos vereadores que estiveram presentes na reunião na tarde de ontem, segundo o presidente da Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp), Flávio Bender. “A maior parte do Legislativo participou do encontro. Os vereadores se mostraram receptivos e dispostos a aprovar a proposta”, conta Bender. “Encontrar a área foi mais um passo dado para conquistar a implantação”, comenta.

“Ponto estratégico para a logística”

Para o delegado sindical do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul, Alaor Canêz, a instalação de uma plataforma logística em Santa Cruz do Sul seria de fácil acesso e diminuiria custos para empresas. “O município é o ponto mais estratégico por ter importantes rodovias estaduais e federais que cortam o Estado”, afirma. “Com certeza vai beneficiar a região. Por estar na parte central do Rio Grande do Sul, as empresas estão instalando centros de distribuição por aqui”, reforça.

Setor ganha destaque em Santa Cruz

Aos poucos a aposta de Santa Cruz do Sul na área de logística já começa a dar resultado. No ano passado, pela primeira vez uma empresa do setor (um centro de distribuição de medicamentos) ficou entre as dez empresas que mais geraram impostos no município. Até então, o ranking era sempre ocupado por indústrias dos setores fumageiro, metalmecânico, da borracha e de alimentos. O setor de logística apresenta crescimento em Santa Cruz e tem recebido destaque, sendo responsável por cerca de 6% do retorno de impostos. A criação da plataforma logística deve fomentar ainda mais o segmento, seguindo uma tendência de concentrar prestadores de serviços da área de transportes, armazenagem e operadores logísticos.