Fórmula surge como alternativa de renda para profissionais liberais

O Piazza Navona é um dos empreendimentos disponíveis para quem deseja apostar no ramo

Nestor Tipa Júnior, JOÃO MATTOS/JC

Imagine-se dono de um quarto confortável, com amplo espaço e todas as mordomias e serviços possíveis. No entanto, há um detalhe: você não poderá desfrutar do seu próprio imóvel. Mesmo assim, há muitas pessoas que não levam em conta essa questão e que adquirem a unidade imobiliária.

Esta situação hoje é possível graças a operação condo-hotel. A fórmula foi criada como alternativa para possibilitar a construção de empreendimentos hoteleiros sem a necessidade de recorrer a financiamentos. Conforme o sócio-diretor da assessoria de investimento hoteleiros HotelInvest, Diogo Canteras, a definição de condo-hotel, que só existe aqui no Brasil, é de um empreendimento hoteleiro que é viabilizado por meio da venda de suas unidades habitacionais para investidores pulverizados.

“O condo-hotel só acontece no Brasil. No resto do mundo, se compra o projeto hoteleiro e se viabiliza por meio de financiamentos. Aqui, o jeito é vender individualmente para investidores que compram os quartos com expectativa de ter rentabilidade no futuro”, explica.

Os especialistas neste setor afirmam que, comparado a outros tipos de iniciativas, como o aluguel de apartamentos e salas comerciais, o ramo hoteleiro é uma grande vantagem. “Em relação a uma sala comercial, que tem que esperar pelo locador e o dono pode ainda ter que arcar com o condomínio, é vantajoso”, estima o diretor da M.Stortti, Maurênio Stortti.

No entanto, Stortti salienta que ainda não existe uma grande quantidade de investidores atraídos para este setor. Ele informa que quem está na atividade de condo-hotéis são pessoas que buscam diversificação dos negócios. “Trata-se de um perfil diferenciado, de quem já tem uma poupança ou uma carteira de investimentos. É para um público que quer ter renda e não quer ficar só com uma alternativa”, analisa.

Para Canteras, não existe uma tendência de crescimento para o segmento, especialmente depois que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) começou a intervir no mercado. Com isso, não há mais a liberdade para a comercialização de unidades. “O condo-hotel deve perdurar no mercado por ser um movimento arraigado, mas não com a mesma velocidade que vinha acontecendo no passado”, prevê.

O dirigente da HotelInvest concorda que existem vantagens em aplicar na atividade hoteleira. Pela desconfiança dos brasileiros com aplicações como remuneração monetária, valorização de títulos bancários e correção de bolsa, os condo-hotéis surgem como uma alternativa dentro do carisma dos imóveis como fonte de renda. “O condo-hotel tem a vantagem em relação a um apartamento para alugar, mas que já vem alugado. Não tem problema de lidar com inquilino”, salienta.

A advogada do escritório Santos Silveiro, Lourdes Helena Rocha dos Santos, que presta assessoria na área, avalia que este é um mercado promissor, que abriu novo nicho para as incorporadoras que buscam produtos criativos. “O condo-hotel é um produto que veio a calhar, pois foi identificada esta necessidade de ter mais empreendimentos hoteleiros onde há déficit”, reforça.

Lourdes afirma que o rendimento vem da geração de lucros dos negócios, subtraída as despesas, e essa diferença é rateada entre os adquirentes. O valor do imóvel pode ser determinado de acordo com o acertado em contrato. “Toda a parte de montagem, mobília, despesas operacionais, por exemplo, depende de cada negócio. Algumas são de responsabilidade dos condôminos e outras são embutidas nos preços do imóvel”, informa.

Sobre os ganhos possíveis no investimento nos condo-hotéis, os especialistas ressaltam que existem variáveis em cada empreendimento e cada contrato. “É um investimento que tem o ganho imobiliário normal mais o ganho da operação que é variável, que pode chegar a até 1%”, ressalta.

Canteras reforça que os ganhos dependem do empreendimento, localização e cidade. Ele explica que, quando se investe em um condo-hotel, é preciso olhar para a expectativa de rentabilidade, mas é necessário observar também os riscos como a atratividade da região para novos negócios.