A esperança da infraestrutura

Começa a sair da gaveta parte dos investimentos necessários para eliminar os grandes gargalos logísticos da região sul. Oportunidades são muitas – o que falta é planejamento.

“Dono de uma das principais consultorias de negócios da região, Maurênio Stortti salienta que o Estado tem evoluído na questão da infraestrutura de transportes. Ainda assim, é pouco perto do ideal. “Poderia se fazer mais, estar mais acelerado nas ferrovias, por exemplo. Apesar de tudo, o Rio Grande do Sul mudou para melhor, está mais ágil, agressivo e articulado”, afirma. Ainda assim, tanto o Rio Grande do Sul quanto os demais Estados da região vêm dando mostras claras ao mercado de que pretendem deixar os gargalos para trás.

Por Ricardo Lacerda

O sul não é nenhum oásis de infraestrutura no Brasil. Muito ao contrário: os gargalos logísticos são sempre lembrados em qualquer análise da competitividade da região. Recentemente, as três federações de indústrias do sul encomendaram um estudo para mapear as obras mais urgentes. Divulgado em agosto de 2012, o levantamento Sul Competitivo apresenta 177 intervenções necessárias para desatar os nós logísticos dos três Estados e elenca 51 delas como prioritárias – e só estas demandariam um investimento de R$ 15,2 bilhões no curto prazo. “Em qualquer setor da economia existe a reclamação da falta de condições de transporte e de armazenagem”, admite Carlos Ponzoni, superintendente de relações institucionais do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), um dos apoiadores do projeto Sul Competitivo. “Mas estamos nos dedicando com muito afinco para resolver esses gargalos”, diz ele, lembrando que só o banco de fomento dispõe de uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para empreendimentos em infraestrutura.

De fato, o sul está mobilizado para oferecer às empresas uma infraestrutura mais eficiente e competitiva. Além do BRDE, o próprio BNDES vem dando suporte às grandes obras incluídas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Ao mesmo tempo, os governos estaduais e até mesmo algumas empresas privadas investem na busca de melhorias, transformando os gargalos em verdadeiras oportunidades de negócios. Já há até quem veja o sul como uma região privilegiada em alguns aspectos de infraestrutura, como é o caso de Torben Karasek, CEO da BMW Brasil. “A principal vantagem é a logística”, diz ele, explicando por que a montadora alemã escolheu o norte de Santa Catarina como sede de sua primeira fábrica no Brasil.

Hoje, o sul detém uma das mais amplas estruturas portuárias do país. Só na costa catarinense se enfileiram quatro terminais marítimos de grande porte: Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul e Imbituba. Indo além, encontram-se mais dois: o de Paranaguá (PR) e o de Rio Grande (RS). Nenhuma outra região concentra tantos portos em um espaço tão reduzido. “Possuímos uma infraestrutura portuária muito capacitada e que vem melhorando a cada dia. É um importante elemento para as empresas que dependem do comércio exterior, tanto na exportação quanto na importação”, destaca Paulo César da Costa, presidente da SC Participações e Parcerias (SC Par), braço empreendedor do governo catarinense que recém assumiu a administração do complexo de Imbituba – até então, cedido à iniciativa privada.

Em Santa Catarina, os portos é que vêm ajudando a atrair investimentos para infraestrutura. “O Estado está começando a despontar mais no setor portuário do que o Rio Grande do Sul e o Paraná”, percebe Gustav Gorski, sócio e economista-chefe da gestora de recursos Quantitas. Só no Porto de Itapoá, por exemplo, estão sendo aplicados cerca de R$ 500 milhões em ampliações e modernização de estrutura. O objetivo é elevar a capacidade de movimentação dos atuais 500 mil contêineres para cerca de 2 milhões até o final de 2014. A obra, porém, não se esgota no terminal – ela também demanda melhorias nas vias de acesso que unem os diferentes portos catarinenses. Entram na lista a duplicação de rodovias federais, como a BR-470 e a BR-280, além da conclusão da duplicação da BR-101, que está em andamento.

No Paraná, o PAC prevê investimentos totais de até R$ 1 bilhão no porto de Paranaguá. “Conseguimos a licença ambiental de dragagem, o que permitirá a atracação de navios ainda maiores. O porto já tem recebido importantes investimentos, batendo recordes de operação”, salienta Ricardo Barros, secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná (Seim/PR).

 

Sinais positivos

Há anos que esses empreendimentos estão para sair da gaveta. Agora, porém, o cenário é de mais otimismo. Não só por causa do PAC, lançado pelo governo federal, mas principalmente por conta do programa “Pacto por Santa Catarina”, lançado pelo governo estadual. “É um projeto ambicioso que prevê inversões de R$ 7 bilhões em obras de infraestrutura nos próximos anos. Sem dúvida, vai reduzir o nosso custo logístico e promover uma melhoria substancial nas nossas condições de competitividade”, projeta Glauco José Corte, presidente da Federação de Indústrias catarinense, a Fiesc. Atualmente, diz ele, o programa está na fase de “pré-execução” – isto é, de licitações e contratações. “Mas temos esperança de que, em breve, ele comece a concretizar aquelas obras que mapeamos no Sul Competitivo”, diz Corte.

Os novos empreendimentos se aceleram na esteira daquilo que Gilmar Mendes Lourenço, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), chama de “descentralização do investimento industrial no Brasil”. “Os investidores buscam escapar dos inconvenientes gerados pela excessiva concentração na Grande São Paulo e priorizam a escolha de regiões que desfrutam de localização privilegiada em relação aos principais mercados do Brasil e do Mercosul”, afirma. Para ele, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul combinam uma série de fatores que pesam em favor da atração de novos players. “Os Estados do sul têm infraestrutura adequada e ambiente propício para a multiplicação de negócios de maior valor agregado, além de disponibilidade e qualidade de mão de obra”, opina.

As maiores oportunidades de investimento, porém, não estão nos portos. Historicamente, a região sul se ressente da falta de aeroportos, hidrovias e ferrovias – essenciais para desafogar as estradas. Pelos números do Sul Competitivo, só no Paraná há pelo menos 15 rodovias operando acima de sua capacidade. Na BR 116, que liga Curitiba a São Paulo, por exemplo, o excedente de fluxo em relação à capacidade é de 300% – sem ampliações, pode chegar a 500% até 2020. Edson Campagnolo, presidente da Federação de Indústrias paranaense (Fiep), admite que o problema é preocupante. “Onde não tem gargalo, tem custo absurdo”. Segundo ele, um caminhão que sai de Foz do Iguaçu em direção ao porto de Paranaguá chega a gastar R$ 900 em pedágios. “Imagina o quanto isso pesa para um agricultor. Essa riqueza toda fica na mão das concessionárias”, diz

Não são poucos os projetos que preveem a construção de novas ferrovias na região. Uma delas é um corredor ferroviário de mais de 1,1 mil quilômetros entre Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e o porto de Paranaguá – passando por polos agrícolas como Dourados e Cascavel. Outro é o trecho sul da Ferrovia Norte-Sul, que deve ligar Panorama, no interior de São Paulo, a Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Os editais foram publicados em junho de 2012 – agora, resta saber quando os projetos vão sair do papel e, principalmente, quanto vão custar. “Eles serão determinantes para baratear os nossos custos de frete”, diz Ricardo Barros, da Seim/PR.

Outra boa perspectiva que se abre é com a construção de uma estrada de ferro entre Chapecó e Itajaí (SC). Sugerida no relatório do Sul Competitivo, a criação de um ramal ferroviário conectando os terminais de Paranaguá, Itapoá, São Francisco do Sul e Rio Grande desponta como plano para integrar o sistema portuário do sul. “A região deverá receber algo entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões em ferrovias por meio de editais da EPL. Ganharemos em produtividade, escala e custos”, estima Campagnolo, mencionando a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), vinculada ao governo federal.

 

O X da questão

Na visão de Heitor Müller, presidente da Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul, aprimorar a infraestrutura logística é mais do que um pré-requisito para atrair investimentos – é também uma forma de compensar a distância que a região sul tem em relação aos principais mercados consumidores do Brasil. “Somos o Estado mais meridional do país. Temos uma carência de modais, abandonamos as redes ferroviárias e não aproveitamos bem o potencial fluvial e lacustre. Tudo isso aumenta os custos das empresas”, desabafa. Felizmente, diz ele, há sinais que permitem acreditar na reversão desse cenário. Várias obras, especialmente aquelas incluídas no PAC, já saíram do papel. E outras começam a entrar na pauta do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Müller cita como exemplo a segunda ponte sobre o Rio Guaíba, cuja licitação deve ser aberta no segundo semestre deste ano. “Pelo menos o governo federal está trazendo bastante coisa para cá, ao contrário do estadual, que não tem orçamento para bancar obras como esta”, explica Müller.

Dono de uma das principais consultorias de negócios da região, Maurênio Stortti salienta que o Estado tem evoluído na questão da infraestrutura de transportes. Ainda assim, é pouco perto do ideal. “Poderia se fazer mais, estar mais acelerado nas ferrovias, por exemplo. Apesar de tudo, o Rio Grande do Sul mudou para melhor, está mais ágil, agressivo e articulado”, afirma. Ainda assim, tanto o Rio Grande do Sul quanto os demais Estados da região vêm dando mostras claras ao mercado de que pretendem deixar os gargalos para trás.

Por Revista Amanhã – Ricardo Lacerda **

 

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